Lendas e Histórias do
Chocolate
Diz a lenda dos povos da América que o deus asteca Quetzcoalt, senhor da
Lua prateada e dos ventos gelados, tal como prometeu, ofereceu aos homens um
presente roubado do país dos deuses.Querendo dar aos mortais algo que os enchesse de energia e prazer, Quetzcoalt foi aos campos
luminosos do Reino dos Filhos do Sol para de lá roubar as sementes da árvore
sagrada. Os outros
deuses não lhe perdoaram que desse a conhecer um alimento divino e vingaram-se,
mandando-o expulsar das suas terras pelo deus Tezcatlipoca, um deus cruel.
Antes de se ir embora, Quetzcoalt jurou regressar «por onde o Sol sai» no ano
ce-acatl do calendário asteca.Desta maneira fantástica, as sementes do cacaueiro teriam nascido na região dos Astecas,
dando origem à árvore. O
"xocolatl", (do nauatle xoco, «amargo», e atl,«água»), como era
chamado, tinha tanta importância entre estes
povos, que a bebida só era consumida por reis,nobres e guerreiros.O xocolatl era também utilizado em sacrifícios
aos deuses, funerais e ritos de iniciação. As sementes de cacau eram, por sua vez,
utilizadas como moeda de troca. Admite-se que os índios astecas foram os
primeiros chocólatras conhecidos da história.
Eles
colhiam sementes de cacau e faziam uma infusão que acreditavam ser um poderoso
afrodisíaco, chamada "chocolate" (líquido quente). Os
astecas torravam e moíam as sementes de cacau, misturavam-nas com água,
juntavam-lhe especiarias, como malagueta,
canela, pimenta ou baunilha (e, por vezes, farinha de milho, a fim de a tornarem
mais espessa) e obtinham uma bebida de sabor forte, mas muito energética.
O imperador asteca Montezuma chegava a beber mais de50 porções por dia e
cuidava sempre de tomar uma dose extra antes de entrar no seu harém. Isto fez com que Cortez, o conquistador europeu, e seus homens
acreditassem que o chocolate
poderia intensificar seu desempenho sexual, pois contava com uma «corte» de
seiscentas mulheres!...
Foi esta mistura que o imperador asteca Montezuma ofereceu
ao conquistador espanhol Fernando Cortez, confundindo-o com o deus Quetzcoalt
pelas roupas que usava, por ter chegado por mar do lado de onde nasce o sol,
por vir montado num cavalo, tudo isso no ano em que era suposto o retorno do Deus.
Montezuma recebeu-o com todas as honras devidas a uma divindade, e ofereceu-lhe
a bebida reservada às pessoas importantes.
Naquela época não tinha o sabor
suave e delicado que conhecemos hoje, mas,
sim, amargo e forte. Numa carta ao rei da Espanha, Cortez disse que,
devido às propriedades daquele líquido amargo, os guerreiros caminhavam durante
um dia inteiro sem necessidade demais alimentos! Acrescentou ainda que é um
fruto que vendem moídos, e têm-no em tão grande estima que o usam como moeda em
todas as terras e com ele se compram todas as coisas necessárias
.Ao retornar à Espanha em 1528,
Cortez presenteou o Rei Carlos V com algumas preciosas sementes
de cacau - e a partir daí, o chocolate
começou definitivamente a fazer sua história, tornando-se tão popular e
valioso na Espanha que sua produção foi mantida em segredo por mais de um
século. A escassez de chocolate durante o século XVII fez com que este se tornasse um presente de excepcional valor.
Contudo, os monges monásticos espanhóis,
responsáveis pela manufatura do líquido, não conseguiram escondê-lo por muito
mais tempo.Acredita-se que o
chocolate tenha chegado à Grã-Bretanha na segunda metade do século XVII, sendo
que a primeira "fábrica" de chocolate inglesa surgiu em 1657. Pouco a
pouco, a produção artesanal deu lugar à produção em massa, e por volta de 1730
seu preço já era acessível a boa parte da população. A invenção da prensa de cacau em 1828diminuiu ainda mais
os custos de produção.
Durante boa parte do século XIX, o chocolate continuou a
ser consumido exclusivamente na forma líquida - mas a partir de 1861 passou a
ser vendido na forma sólida, acondicionado em caixas com formato de coração.E apenas em 1876,
em Vevei, na Suíça, o chocolatier Daniel Peter desenvolveu a técnica de adição
de leite ao chocolate, criando o produto final que consumimos até hoje.
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